quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Brincando de piloto

    

    Tenho mania de, mesmo sem habilitação, querer dar uma de piloto e sair viajando por aí. E olha que às vezes viajo pra longe! Não em distância, mas em tempo. Vou lá no futuro e volto. Adoraria contar as novas tecnologias que teremos no futuro, se a água vai mesmo acabar, o que acontecerá em 2012 e se ele vai te pedir em casamento, mas eu não posso, porque não há nada no futuro. Nessas viagens vejo apenas um enorme vazio, páginas em branco, e desconfio que é porque elas estão sendo escritas nesse exato momento, com uma miscelânea de letras que deixaria qualquer professora de caligrafia (isso existe?) louca!
    Mas mesmo não havendo nada por lá, vou contar como minhas viagens funcionam. Ah, só um alerta: provavelmente vou embarcar novamente e as descrições aqui narradas correm o risco de ficarem muito confusas, pois meu pensamento - está comprovado - é o meio de transporte mais rápido da região carbonífera. Bom, vamos lá. Eu começo essas viagens caminhando mais devagar: vou até amanhã, planejo meu dia com base no que sei que supostamente preciso fazer, então lembro que semana que vem tem feriado, e na próxima tenho um relatório pra entregar, e depois tem outro feriado, desta vez com ão no final: espera aí, então tenho que reservar a pousada de Garopaba (ufa, sair da "rotina"!) mas quando voltar tenho dois trabalhos para apresentar, e na outra semana tem consulta no ortopedista, e já é Dezembro, provas de final de semestre, Natal, Ano Novo, nas férias vou estudar espanhol, semestre novo, professores novos, projetos novos, nas férias de Junho vou me candidatar à uma bolsa de estudos em Barcelona, no 2º semestre vou pra Europa, no verão volto pro Brasil, em 2013 vou fazer estágio e guardar dinheiro, em 2014 fazer estágio e comprar um carro, em 2015 me formo e.... PÁRA TUDO! Volta pra cá, menina. Estais em Outubro de 2011, em Criciúma, sul de Santa Catarina, deitada na cama dos teus pais planejando o que tu vai fazer em 2015? Sério, vai dormir e amanhã agente se vê. Amanhã, ok? Mas não me pergunte onde nem que horas, porque isso ninguém sabe.
    Sonhar não é crime, pelo contrário, tudo começa por lá. O problema está em fazer dos planos uma obrigação, e se culpar caso algo não saia exatamente como o roteiro dizia. Aceitar os novos caminhos que a vida aponta é um grande passo para pilotar a vida com as próprias mãos - sem correr o risco de deixá-la fazer toda a viagem apenas no piloto automático. 

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